*consultar introdução e contexto destas 11 dicas na primeira dica, aqui.
Dica nº 8 – Ouve com atenção as suas razões e visões.
Já experimentaste ouvir o PONTO DE VISTA dos teus filhos, de forma genuinamente interessada? Quando não querem emprestar um brinquedo, quando não querem cumprimentar a família, quando não querem comer o jantar, quando não querem tomar banho?
Já fizeste um esforço para ouvir com muita abertura e curiosidade as RAZÕES de uma criança? Para não querer ir dormir, para bater no irmão, para jogar o copo para o chão?
Alguma vez pensaste mais profundamente sobre as MOTIVAÇÕES do teu filho para bater nos colegas, não querer estudar, desrespeitar as regras da escola e/ou de casa?
Todos agimos com base nas nossas necessidades emocionais e na nossa realidade. As crianças têm a sua própria realidade e tentar abafar isso com o nosso controlo constante só piora a situação – especialmente quando falamos de conflito.
Mas tens de ir à escola! … Não te quero a bater na tua irmã, olha que levas ou ficas de castigo! … Se voltas a trazer um recado da professora ficas sem o tablet uma semana! … Que história foi essa de andares a bater no João, vamos ter uma conversinha séria! … Dá um beijinho à tia imediatamente, temos de ser simpáticos para a família! … Come isso tudo que eu a seguir dou-te um chocolate….
OUVIR o que as crianças têm a dizer é muito importante nestes momentos. Mesmo que o que a criança quer não possa ser, não faça sentido. E outras vezes vai fazer até bastante sentido quando nos dispomos a ouvir. Vou dar aqui um exemplo muito pessoal.
O meu filho recusa-se a cumprimentar os meus avós. Nem quer ouvir falar de dar-lhes beijos, abraços ou nada que envolva toque. Após um bocado de lá estar, já fala melhor com a minha avó, e no fim até lhe dá um abraço se for preciso. Ela tem algum jeito para se conectar com ele, sabe ir ao seu encontro. O meu avô, um velhote de bom coração, mas muito rezingão, quase com 90 anos, apresenta um perfil com mais dificuldade em relacionar-se com o meu filho de 6 anos. Tem sido um desafio e mais com a pressão familiar, fazer com que ele cumprimente os parentes, os quais eu ainda por cima adoro e tenho excelente relação. Passei por muitas lutas e um dia dispus-me a OUVIR. Numa longa conversa em que me apresentei com abertura e não julgamento, sabendo que o meu filho já é reservado de si, lá partilhou comigo. “Faz-me muita impressão aquelas linhas que eles têm na pele“. A face idosa dos meus avós impressiona o meu filho. Se eu pensar bem, tenho memórias parecidas, dos pêlos faciais de uma certa tia, que eu era “obrigada” a beijar… Enfim, quando eu OUVI o Pedro, pude conectar-me com ele, percebi melhor as suas razões, conseguimos chegar a um acordo, as coisas melhoraram.
Ouçam os vossos filhos, aliás, ouçam melhor todos à vossa volta, fomentemos a EMPATIA – já que é dada como uma das competências essenciais para ter sucesso na sociedade moderna, para ter satisfação emocional e basicamente, ser feliz! – não é que o que todos queremos no fundo?
AGORA, UM DESAFIO:
- Na próxima vez que estiveres com os teus filhos, seja hoje à tarde, à noite, enfim, vais dar muita atenção ao primeiro conflito que surgir. Conflitos entre irmãos, tpc’s, asneiras que fazem, enfim, o que seja. Tomas atenção no conflito existente. Pára e se o momento for bom fala com o teu filho, senão, espera até estarem todos calmos. OUVE o teu filho. Tenta perceber ou pode ser que ele te expresse mesmo, o porquê de certa atitude, o que estava a sentir, o que desejava que acontecesse, porquê? É essencial fazer boas perguntas. Repara no que acontece.
- E depois vem aqui ou nas redes sociais comentar comigo um breve resumo do que aconteceu. Aguardo o teu testemunho.