*consultar introdução e contexto destas 11 dicas na primeira dica, aqui.
Dica nº 3 – Oferecer Escolhas e Opções Limitadas
Ao longo destas dicas temos falado da autonomia e responsabilidade que devemos dar às crianças como forma de acalmar os seus espíritos fortes e como estratégia para diminuir as birras e os conflitos.
Hoje vamos falar de uma pequena e eficaz estratégia para dar-lhes essa autonomia mas de forma controlada. Naqueles momentos que não convém nada a criança escolher ou decidir mas que está prestes a saltar uma birra, pode ser útil dar-lhe a ilusão do CONTROLO, e alguma escolha real.
Quando é fim do dia, a minha filha está cansada (e eu também) e tudo é mais difícil, começo logo em modo opções limitadas:
– Queres vestir o pijama azul ou o amarelo?
– Todos temos que comer legumes. Preferes comer na sopa ou na salada?
– Não queres mesmo tomar banho!! Hoje brincaste tanto na rua que vou mesmo limpar-te. Queres tomar duche já ou daqui a 10 minutos? Daqui a 10 minutos? Ok, então vamos começar a contar pelo relógio.
– Para a sobremesa queres banana ou maçã?
– Os desenhos fazem-se no papel, e não na parede. Olha, queres desenhar neste papel branco, ou nesta cartolina amarela?
Claro que não funciona sempre, mas acreditem que funciona uma grande parte das vezes. Trata-se de perceber qual a nossa INTENÇÃO fulcral naquele momento. Se calhar não importa se come sopa ou salada, já que a intenção é ingerir legumes e verduras. Se calhar pode escolher se quer o casaco amarelo ou o outro às riscas… já que a intenção base será a criança se aquecer.
Temos que perceber até que ponto como pais podemos ceder e flexibilizar, de modo a dar à criança algum poder (controlado) sobre a situação. Este poder de escolha sobre as coisas que lhe respeitam (higiene, alimentação, vestuário) é importante para que se sintam respeitados, para que se sintam valorizados, significativos.
E isto tende a diminuir as birras, especialmente aquelas que estão a passar a seguinte mensagem:
– Hey, estou aqui, quero poder decidir coisas sobre mim, para saber que sou capaz e porque quero mostrar-vos as minhas capacidades e como estou a crescer.
Vejo muitos pais a querer dar algum poder de escolha à criança, ou a querer envolvê-la na situação, mas usando algumas formulações que DIFICULTAM:
– Então filhote, vamos tomar banho? (ao que a criança pode perfeitamente responder “Não quero, não vou!” para apenas de seguida dizermos “ah mas tem de ser, estás todo sujo”)
– O que queres comer, Maria? (“Só a massa”, responde a Maria, e os pais replicam “ah mas tens de comer também a carne, senão não ficas forte para crescer”)
– Manel, não tens frio? não queres o casaco? (ao que a criança responde “Não tenho frio, não preciso do casaco!” e nós dizemos “Como é que não, está um vento gelado, tens de vestir o casaco, senão constipas-te.”)
Nestas situações acima descritas apenas conseguimos aumentar o conflito e irritar a criança, claro.
Qualquer um se irrita quando nos fazem uma pergunta apenas para ignorar ou desvalorizar a resposta. Ora imagine o seguinte diálogo entre si e o seu companheiro ou companheira:
– Onde queres ir jantar?
– Pode ser ao sushi.
– Ah mas não me apetece isso hoje, vamos antes comer uma pizza.
– … Então para que é perguntaste, se já tinhas a tua ideia? (certo?)
Então com as crianças é igual, se não pode escolher, não vale perguntar… Dê indicações claras e concisas às crianças, falando com seriedade e gentileza, tal como falaria com um adulto.
Por isso aqui fica a dica nº 3 – Não podemos ser permissivos, as crianças claro que não podem fazer aquilo que quiserem. Aliás, as crianças precisam de orientação e estrutura vinda dos adultos cuidadores. Devemos sim ser atentos às suas necessidades físicas e emocionais. Envolver a criança em tudo o que for possível e adequado, dar a escolher à criança aquilo que podem realmente escolher, e não deixar em aberto aquilo que não é negociável.
E como sempre, FIRMEZA COM GENTILEZA!
Seja calmo, gentil e respeitador, e os seus filhos crescerão com iguais qualidades, porque TODAS as crianças aprendem a comportar-se por modelagem dos seus adultos de referência.