Fenómeno Momo: A Internet É Uma Selva

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A internet é uma selva

Há umas semanas atrás andou nas redes sociais e imprensa um assunto consternador: MOMO – um fenómeno viral que consiste num desafio online, em que através de redes sociais e apps como Whatsapp, Facebook ou Youtube, uma personagem sinistra incita crianças e jovens a realizar ações macabras e autodestrutivas (fazer cortes no corpo com facas e lâminas, ou abrir o gás do fogão enquanto os pais dormem, entre outras bizarrias).

Imagens da personagem MOMO podem ser incluídas em qualquer vídeo propositadamente editado dessa forma. Alguém, sentado à secretária de um qualquer computador em alguma parte do mundo, alegadamente pegou num vídeo de crianças, inseriu pelo meio imagens de uma personagem sinistra e carregou-o no Youtube. Outros imitadores começaram a fazer o mesmo e o fenómeno torna-se VIRAL.

Entretanto milhares de perfis identificados como Momo surgem no Instagram, Facebook, Whatsapp, trocando mensagens macabras com os jovens que se deixam envolver e disseminando conteúdo violento e traumático.

Apesar de se encontrar muita informação na net que a Momo será um logro, um fenómeno apenas imaginário, encontramos também reportagens de investigação que nos mostram testemunhos e acompanhamento de jovens que foram vítimas – além de que as autoridades de vários países lançaram alertas parentais. Os desafios que a Momo apresenta vão escalando de intensidade, sendo o último patamar o suicídio, havendo infelizmente já vários casos registados.

Nos últimos anos temos assistido a notícias parecidas, como por exemplo o desafio Baleia Azul, entre outros que têm surgido na net com maior ou menor grau de gravidade e impacto. As implicações de tudo o que se passa em redor deste fenómeno não cabem neste artigo.

Alguns pontos a reter sobre a MOMO:

  • Podem aparecer conteúdos da Momo em vídeos aparentemente inocentes: Porquinha Peppa, Minecraft, ou vídeos de ovos surpresa, por exemplo.
  • Mesmo que os serviços do Youtube monitorizem e apaguem esses conteúdos, os vídeos conseguem ter milhares de visualizações até que sejam detetados.
  • As imagens são potencialmente muito traumáticas para as crianças.
  • Muitos Youtubers famosos e outras contas têm estado a colocar vídeos de reação ao fenómeno, onde passam imagens e conteúdos da Momo – esses vídeos são facilmente acessíveis pelas crianças, escapando aos controlos parentais.
  • Atenção aos vídeos sugeridos na reprodução automática, pois o algoritmo da plataforma faz com que um simples like num vídeo relacionado com a Momo, gera imediatamente uma lista de reprodução com conteúdos do mesmo género.

No âmbito deste blog, o que conta acima de tudo são os nossos desafios como pais, e logo, como lidar com estes fenómenos cíclicos que se teme virem a ser cada vez mais frequentes.

Não podemos deixar de enfatizar é que A INTERNET É UMA SELVA, e penso que nenhum pai deixaria o filho só numa selva. No entanto, é o que tantos pais fazem diariamente com os seus filhos, deixando-os horas a fio a olhar ecrãs de telefones, tablets e computadores sem qualquer vigilância ou critério – e este é verdadeiramente o problema.

Numa era em que as tecnologias fazem parte da nossa vida e são uma constante no nosso quotidiano, importa saber o que fazer para tirar o melhor partido dos gadgets, enquanto mantemos os nossos filhos seguros.

O assunto dos écrans – tablets, computadores, smartphones e consolas – é um ponto delicado para muitos pais, que se esforçam para tentar encontrar um equilíbrio no que às tecnologias diz respeito – por exemplo implementar tempos de utilização aceitáveis e saudáveis.

Não gosto de diabolizar as tecnologias e muito menos de ser radical com os assuntos. Hoje em dia os smartphones fazem parte da nossa vida, quer queiramos quer não, e temos de admitir que nos trazem muitas vantagens, conforto e facilidades. Através dos jogos as crianças podem desenvolver muitas competências, melhorar a visão, aumentar capacidade de concentração, melhorar a elasticidade mental, desenvolver o raciocínio lógico, resolução de problemas, entre outras coisas.

Por outro lado, sem dúvida que existem muitos problemas que podem surgir nas crianças, que são associados ao uso excessivo de tecnologias: problemas de agressividade, dificuldades de concentração, problemas de sono, criação de dependência dos écrãs, etc.

Tudo na vida tem coisas boas e coisas más, e sem dúvida que neste assunto é como em quase tudo: UMA QUESTÃO DE BOM SENSO. Depende de cada família, de cada criança e de cada contexto. O que é demasiado tempo no computador ou no telefone? O que são conteúdos próprios ou impróprios? A resposta é relativa, claro.

Alguns sinais de que o seu filho está a passar excessivo tempo nos écrãs podem ser por exemplo: queixas de dores nas costas, cabeça ou pescoço e/ou comportamentos negativos associados ao uso das tecnologias.

Nos próximos dias tenciono aqui no Educar Lado a Lado partilhar mais algumas estratégias que podem ajudar os pais na gestão deste assunto, que é na verdade, incontornável. Mantenha-se atento e deixe aqui em baixo, nos comentários, os seus maiores desafios como pai relacionados com as tecnologias.

*texto escrito em parceria com João Mourato, da Besensi

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Tatiana Sanna
Tatiana Sanna
5 anos atrás

É muito importante lembrar que “a internet é uma selva”, gostei de teres enfatizado isso, nunca é demais repetir, porque as pessoas, neste caso, o pais, não podem nunca esquecer isso. Abandonar as crianças à frente de um ecrã, uma janela para o mundo repleto de pessoas com intenções muitas vezes sinistras é inconsciente. Os pais deixariam os filhos sós num jardim bonito, cheio de flores num dia de sol luminoso, com desconhecidos? Acho que nenhum pai o faria. A internet pode ser esse jardim bonito, neste caso virtual, mas não deixa de ser um local cheio de desconhecidos, por… Read more »