“O Meu Filho Não Cumpre Os Combinados”: 4 Dicas Que Vão Ajudar

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o meu filho não cumpre os acordos

A criança gosta de fazer combinados, mas depois não gosta de cumprir?

Se é um pai ou mãe que tenta educar de forma respeitosa e negoceia com os seus filhos certas tarefas ou situações: fazer a cama, arrumar os brinquedos, fazer os TPC, colocar a mesa, ir ao parque, sair do parque, etc… certamente já se deparou com a seguinte situação: a criança adere muito bem na hora de acertar os combinados, mas depois na hora de cumprir, fica mais difícil…

É normalmente fácil chegar a um acordo com a criança (“ok, mais 5 minutos no parque e vamos embora”; “ok, então a seguir a acabares esse jogo, vais arrumar a roupa”), mas costuma ser mais complicado fazer com que ela respeite o combinado na hora de meter em prática. E aqui entram 4 dicas ótimas que vão facilitar muito a sua vida. Vou falar-lhe delas já de seguida.

O meu filho não cumpre os combinados
O meu filho não cumpre os combinados

Fazer acordos para promover responsabilização

No post anterior, que pode ler aqui, falei-lhe da importância de educar para a responsabilidade, evitando andar a dizer mil vezes a mesma coisa aos miúdos e garantindo que mais facilmente eles cumpram as suas tarefas e responsabilidades.

É normal que as crianças adiem ao máximo arrumar o quarto, ou que não sejam muito responsáveis na hora de fazer os TPC, por exemplo. Cabe-nos a nós pais garantir que eles aprendem a importância de cumprir com as suas responsabilidades, passando valores e atitudes de autonomia, respeito e cumprimento.

A Disciplina Positiva tem muitas ferramentas para nos ajudar nesta missão – esta é a boa notícia! Se leu o tal artigo anterior, e se colocou em prática, percebeu que não é muito difícil fazer acordos com as crianças – até na maioria das vezes mostram-se muito recetivos na hora de combinar coisas – especialmente se cumprir os passos que lhe propus e se tiver uma conversa amigável com a criança.

O pior pode ser quando chega a hora de passar à ação e cumprir a tarefa proposta. É muito provável que a criança se mostre resistente em manter o acordo. É aqui que entram as 4 dicas que lhe vão ajudar a ensinar à criança a importância de manter a sua palavra e cumprir o que combinou. Sem chatices, sem discussões, sem ameaças.

4 DICAS PARA O ACOMPANHAMENTO EFICAZ DOS ACORDOS E COMBINADOS

Então, mais uma vez, se já leu o post anterior a este (aqui!), sobre realizar os acordos com as crianças, já percebeu que pode usar esta ferramenta para o ajudar em diversas situações: a arrumação do quarto, roupas, sapatos, brinquedos, etc; colaboração nas tarefas domésticas; fazer os TPC; alimentar os animais; e todas as coisas que precisa que o seu filho assuma responsabilidade mas que ele não o está a fazer.

Se conseguiu fazer o acordo, mas na hora do cumprimento a criança RESISTE EM MANTER O COMBINADO, considere utilizar estas dicas:

1. MANTENHA COMENTÁRIOS SIMPLES E CONCISOS

“Estou a ver que são 19h, que era a hora combinada e que não arrumaste as tuas meias como tínhamos falado. Por favor, faz isso agora.”

Falar com firmeza não é ser autoritário nem agressivo. Como tantas vezes falamos na Disciplina Positiva, utilize a abordagem firme e gentil. Não faça graças, não é hora de ser cómico, nem irónico, nem seja permissivo ou passivo perante a situação… mas também não seja antipático nem rígido demais. FIRME E GENTIL. Lembre a criança de forma simpática mas com um ar sério e honesto. Fale pouco e vá direto ao assunto.

2. EM RESPOSTA À OBJEÇÃO, RESPONDA MAIS UMA VEZ DE FORMA SIMPLES

“Qual foi o nosso acordo?”

É mais do que provável que a criança comece com objeções: não lhe apetece, está cansada, se podem fazer novo acordo ou negociação, que já lá vai, é só acabar isto ou aquilo… mantenha-se conciso, firme e gentil, apenas questionando a pergunta que lhe exemplifico aqui: “Qual foi o nosso acordo?”

3. EM RESPOSTA A MAIS OBJEÇÕES, USE A COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL

Se houver mais objeções, resistências e adiamentos, não dê conversa e morda a língua para não se desfazer em mil argumentos que provavelmente só vão originar uma luta de poder – e nada de cumprimento da tarefa. Cale-se e utilize a comunicação não verbal. Aponte para o relógio. Sorria de forma compreensiva, mas nada permissiva. Demonstre com a sua expressão que continua à espera que a criança cumpra o combinado. Pode até abraçar a criança e apontar novamente para o relógio.

Não permita que a criança se envolva em outras tarefas ou inicie alguma brincadeira. Faça uma presença silenciosa mas forte perto da criança para que ela perceba que continua à espera que o combinado seja cumprido. O silêncio (evitar moralismos, discussões, críticas) pode ser aqui muito poderoso! Este é o truque principal desta ferramenta.

4. FAZ PARTE DE SER PAI E MÃE ACOMPANHAR OS COMBINADOS

Quando temos crianças, podemos fazer todos os acordos com eles, mas a verdade é que raramente funcionam sem o devido acompanhamento. É nossa função como pais garantir que o combinado é respeitado. Aqui reside grande parte da aprendizagem desta ferramenta de educar para a responsabilidade. Afinal quem não quer criar os seus filhos para serem adultos responsáveis? Todos queremos!

Se está a pensar que é suposto as crianças cumprirem o que combinaram sem termos de andar atrás delas, está a pensar bem – é por isso que na sua educação estamos a investir nestas ferramentas. Ninguém aprende sem ser ensinado, nem à primeira. Ensinar o seu filho a importância do cumprimento e a honra da nossa palavra depende de si. E ter de fazer o acompanhamento enquanto ele é mais pequeno, não significa que terá de o fazer a vida toda – depressa a criança irá perceber o que é esperado dela. E irá assumir as suas responsabilidades sem ninguém ter de andar atrás!

EXTRA: 4 armadilhas que atrapalham o acompanhamento dos combinados

Deixo-lhe aqui um forte lembrete de que nada funciona se não aplicarmos bem. Tenha muito cuidado com estas 4 armadilhas que podem sabotar a sua tentativa de ajudar o seu filho a cumprir os combinados.

  1. Ter expectativas irrealistas e esperar que as crianças assumam as mesmas prioridades dos adultos: as crianças têm outra mente, pensam de outra forma, têm outros padrões e referências. Não espere que se comportem como um adulto. Ainda são crianças e é por isso que estamos a ensiná-las.
  2. Julgar e criticar, em vez de focar no assunto. Se for como eu e tiver a “boca grande” é fácil cair na conversa excessiva e no discurso inútil: “Estás a ver, eu bem te dizia, já sabia que não ias cumprir, assim não dá, da próxima fazes como eu digo e não combino nada contigo, temos que cumprir o que combinamos, assim não estás a ser responsável, isto é sempre a mesma coisa, bla bla bla…” Foque-se na solução e em seguir os passos que lhe dou acima e vai ver que é melhor para toda a gente.
  3. Fazer um acordo com antecedência que não inclui um prazo limite específico. Tal como expliquei no artigo anterior (aqui!) é mesmo importante na altura de fazer o acordo estabelecer a hora concreta do combinado. Não salte essa parte porque vai lhe dificultar muito a vida na hora de cobrar o cumprimento.
  4. Não manter dignidade e respeito pela criança e por você mesmo. Conhecer os nossos limites e os limites dos outros é uma forma importante de manter o diálogo respeitoso e conquistar o respeito da nossa criança sem recurso a ameaças ou medo. Tenha consciência da sua comunicação e aprenda mais sobre limites – pode ler este artigo sobre o assunto, aqui.

Espero que este artigo o tenha ajudado a resolver os problemas de quando os seus filhos não cumprem aquilo que combinaram. Com estas dicas sei que vai conseguir ajudar as crianças a manter a sua palavra! Se tiver dúvidas específicas fique à vontade para entrar em contacto comigo ou deixar comentários aqui abaixo ⤵⤵

Até já!

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